É um Museu, estúpido!

Antifascistas manifestaram-se há dias contra a criação de museu sobre a vida e obra de Salazar.

Desculpem lá, eu até tenho andado muito sossegadinho e tudo, mas esta é demais...Porventura querem os ditos antifascistas, pura e simplesmente, riscar 40 anos de história?

Qualquer dia esta malta e seus compagnons de route ideológicos decidem que é inconstitucional o ensino da história nos momentos em que esta tomou rumos de que não gostam...

Porventura quererão policiar a liberdade de professar qualquer ideologia ou pensamento político?

Então não foi por isso que se fez uma revolução?

Totalitarismo por totalitarismo sejam coerentes até ao fim e proiba-se igualmente qualquer manifestação, seja fascista, seja comunista.
Ou o comunismo soviético, chinês, cubano, ainda hoje com representantes politicamente activos em Portugal, inclusivamente organizados em partidos políticos, não foram, e são-no ainda hoje, totalitarismos?!

É que corremos o risco de condenar qualquer ditadura com atitudes ditatoriais, tipo, não gosto do que professas, logo, não podes professar!

Negar à partida a criação e existência de um qualquer museu por motivos puramente ideológicos é uma atitude, por si só, fascista.

Se uma qualquer manifestação cultural que, pela sua própria natureza é - deve ser - um museu, servir como instrumento para promover, por exemplo, o racismo, o ódio, a intolerância, então sim, deve ser encerrado.

Mas, nunca por nunca, se se limita a ser o retrato histórico de um período da nossa história, por mais que detestemos tal momento específico.

Infelizmente para os polícias do pensamento, não se pode apagar a história e moldá-la ao sabor do que defendemos.

Se um determinado museu pretende mostrar uma específica época da nossa história, porque não devemos todos, através do Estado, apoiar a sua existência?
Até por razões pedagógicas! Ensinar o que se passou, de bom e de mau, a quem não o viveu.

É necessário, de uma vez por todas, acabar com uma visão empoeirada da história, sem revisionismos.

Já está na hora de nos portarmos como uma democracia crescidinha e sem complexos.