Thursday, November 09, 2006

Falhanço

Falhamos.
Tantas vezes falhamos na vida.
Instala-se, lenta e progressivamente, o descontentamento, a angústia, a frustração.
Falhamos. Falho.
Rasgamos, sem noção de que o fazemos, os pedaços da nossa vida a que nos devíamos ter agarrado, sem prescindir, sem abdicar, sem claudicar.
Compreendemos, cada vez mais tarde, que o sonho bate à porta e nunca, por nada, o devemos deixar sem entrar, sem ser afagado e tornado o centro de nós.
Falhamos. Definhamos.
E pior. Sentimos esse vagaroso amolecimento do espírito, da alma, a cada segundo que passa, como se fosse um sufocante afogamento e nós ali, a sentir cada segundo de asfixia.
Sem saída falhamos o nosso projecto, nós mesmos.
Vamos fechando cada porta com o sentimento de quem olha para trás, com infinita tristeza, pelo vidro traseiro do táxi que nos leva para longe da casa a que sabemos jamais voltar e onde fomos felizes.
Falhamos.
E morremos em vida.
Todos os dias.

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